Durante a 12ª Rondônia Rural Show Internacional, um tema sensível e necessário ganhou espaço entre máquinas agrícolas, soluções tecnológicas e negócios do agronegócio: a adoção de crianças e adolescentes em Rondônia. Em entrevista ao Ruralcast, a coordenadora do Núcleo de Adoção do TJRO, Gisele Gazola, detalhou como o estado tem avançado nesse processo e como a população pode participar ativamente desse gesto de amor e cidadania.

“A adoção exige preparo, mas não é inacessível. Estamos aqui para orientar e ajudar as famílias a entenderem como funciona esse processo tão bonito e necessário”, afirmou Gisele.

Como Funciona o Processo de Adoção em Rondônia
O processo é realizado pelo Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ao qual todos os estados brasileiros estão integrados. Isso significa que tanto o cadastro dos pretendentes quanto das crianças é feito digitalmente, por meio da plataforma gov.br.

Para entrar na fila de adoção, o interessado precisa:

Preencher um cadastro no SNA;

Participar de cursos preparatórios;

Passar por entrevistas e estudos psicossociais;

Definir o perfil da criança ou adolescente que deseja adotar (idade, sexo, grupo de irmãos, condições de saúde etc.).

“Depois de aprovado, o pretendente entra na ordem de espera. Para bebês, o processo costuma ser mais rápido — em média até seis meses. Já para crianças mais velhas e adolescentes, o tempo é maior”, explicou.

 Adoção Nacional e Internacional
Quando não há pretendentes no estado, o sistema permite que a criança ou adolescente seja disponibilizado para adoção interestadual ou internacional. Gisele relatou o caso recente de um adolescente adotado por uma família italiana, ressaltando que a Itália é o país que mais realiza adoções de brasileiros atualmente.

“Temos uma rede de cooperação internacional, coordenada pelo CNJ, que facilita esse processo com segurança e cuidado”, explicou.

 Projeto Família Acolhedora: Amor Temporário com Impacto Permanente
Além da adoção definitiva, Rondônia conta com o projeto Família Acolhedora, presente em cidades como Porto Velho e Ji-Paraná. Por meio dele, famílias recebem crianças de forma temporária — com apoio financeiro e acompanhamento técnico — até que uma adoção definitiva ocorra.

“É um gesto lindo. A família sabe que é temporário, mas oferece carinho, estabilidade e uma vivência familiar a quem mais precisa.”

Apoio Técnico e Rede Psicossocial
Cada comarca de Rondônia possui núcleos psicossociais vinculados ao Poder Judiciário. Nesses locais, os pretendentes recebem todo o suporte necessário para compreender o processo, acessar o sistema e se preparar emocionalmente para a adoção.

O núcleo central do estado funciona em Porto Velho, com uma equipe multidisciplinar de psicólogos, assistentes sociais e servidores do TJRO. Além disso, o estado participa de redes nacionais de troca de experiências e atualização de práticas — como o grupo das CEJAs, que realiza encontros anuais com representantes de todo o Brasil.

Números e Realidade da Adoção em Rondônia
Atualmente, o estado conta com cerca de 200 a 250 crianças e adolescentes cadastrados no SNA. As unidades de acolhimento são mantidas pelos municípios e atendem crianças temporariamente, até que possam retornar às famílias de origem ou sejam adotadas.

“Nosso objetivo é claro: reduzir o tempo de institucionalização e garantir o direito à convivência familiar”, reforçou Gisele.

Rondônia se Destaca Nacionalmente
Comparado a outros estados, Rondônia tem sido exemplo em agilidade e eficiência no processo de adoção.

“Temos uma equipe comprometida e atuante. Rondônia está à frente de muitos estados, inclusive maiores, quando o assunto é adoção humanizada, célere e responsável”, destacou Gisele.

Durante a Rondônia Rural Show, o Fórum Digital do TJRO montou um estande aberto ao público com orientações, materiais informativos e atividades voltadas à conscientização sobre o tema.

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