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Famílias recorrem a fogão a lenha após gás chegar a R$ 135 em RO
Atualmente, gás consome quase 10% do salário mínimo das famílias.

Por G1 RO
Publicado 21/10/2021
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O preço do gás de cozinha já consome quase 10% do salário mínimo das famílias rondonienses, segundo uma pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Com o alto valor, a procura por fogão a lenha e a carvão cresceu no estado.

Em algumas cidades de Rondônia, o gás já está sendo comercializado a R$ 135, como é o caso de Cacoal (RO).

A diarista Sandra Josino, moradora de Cacoal, contou à Rede Amazônica que está usando fogão a lenha para preparar as refeições desde o início da pandemia, quando o preço da botija de gás começou a subir.

"A gente não tá trabalhando, o que faz é uma 'diarinha' aqui, outra ali. A dificuldade é muita porque a gente ganha R$ 100 por semana para uma uma família de 5 pessoas. É complicado", conta.

Segundo a diarista, a única solução encontrada foi cozinhar as comidas que usam mais gás no fogão a lenha.

"Quando cozinha para a família e vem os netos, tem que fazer tudo em panelão, e o fogão a gás não dá. Estamos botando os meninos pra ir procurar madeira. Nosso refúgio é o fogão a lenha mesmo. E aqui na região quase todo mundo está enfrentando fogão a lenha porque está muito caro o gás", explicou.

Essa procura por fogão a lenha e carvão foi vista como uma oportunidade para Elson Pereira, que começou a produzir e vender fogareiros por R$ 50. O negócio surgiu para melhorar a renda da família de Elson, além de ajudar quem não tem condição de pagar mais de R$ 100 na botija de gás.

Elson contou que aprendeu a fazer os fogareiros na internet, há seis meses, e desde que anunciou a venda nas redes sociais já conseguiu vender mais de 80 itens.

Por que a botija está tão cara?

Para entender o motivo do preço do gás de cozinha estar alto, é preciso compreender que ele é produzido a partir do petróleo – tanto é que seu nome é ‘gás liquefeito de petróleo’ ou GLP.

A Petrobras segue a variação de preço de compra e venda do produto do mercado internacional, principalmente do valor do dólar. Assim, quando os preços sobem lá fora, sobem no Brasil também.

Outra questão que é preciso conhecer é sobre como é feita a composição do preço de venda da botija.

Para isso, a reportagem conversou com o economista Otacílio Moreira de Carva. Ele explicou que o valor do gás é composto por três partes: cerca de 48% de custo que a Petrobras tem para produzir ou importar o produto, 37% da distribuição e revenda, e 15% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o tributo estadual.

Em março de 2021, o Governo zerou os impostos federais sobre diesel e gás de cozinha, o que ajudou a amenizar a alta do valor, entretanto, mesmo sem o tributo federal, o gás continua subindo.

Há expectativa que esse preço baixe?

Segundo Otacílio, existe um debate sobre isentar o tributo do ICMS sobre o preço do gás, o que pode possibilitar que o valor baixe, entretanto, o economista explicou que a principal previsão é a de que nos próximos meses aconteça novos aumentos, por causa da flutuação do dólar, principalmente pelo preço do petróleo no mercado internacional.

Além disso, o economista diz que um dos causadores da alta do petróleo foi a questão da oferta e procura: quanto mais demanda pelo produto, maior o seu valor.

Quais medidas podem ser tomadas para diminuir o preço?

Para Otacílio, o retorno do auxílio gás pode ser uma alternativa para ajudar a população mais carente nesse momento.

Na terça-feira (19), o Senado aprovou o projeto de lei que cria o vale-gás, um programa social com o objetivo de ajudar famílias de baixa renda a comprar os botijões.

Se virar lei, a iniciativa permitirá que as famílias beneficiárias recebam, a cada dois meses, o valor correspondente a pelo menos 50% do preço médio nacional de revenda do botija de 13 kg. O programa, segundo o texto, terá duração de 5 anos, mas ainda precisa ser analisado novamente pela Câmara.

A médio e longo prazo, o economista explica que a melhor medida a ser tomada é utilizar fontes de energia e matéria-prima, que não sejam derivadas do petróleo, para produção de combustível, energia elétrica e gás de cozinha. Isso porque, com a procura por petróleo mais baixa, o valor por ele tende a diminuir.

Como economizar o gás de cozinha?

Enquanto as medidas para diminuir o preço não saem do papel, veja quais são as dicas para economizar o gás na hora de preparar as refeições.

  1. Cheque se há vazamento no botijão de gás e nas mangueiras
    Verifique as roscas do botijão de gás e os canos do fogão e forno despejando um pouco de espuma de sabão e observando se há algum vazamento no caso de formação de bolhas de ar.
  2. Mantenha as bocas do fogão limpas
    Se as chamas estiverem com tons amarelos ou laranjas, é sinal de que as bocas estão sujas ou com mau funcionamento. Com isso, o fogo perde sua potência e acaba gastando mais gás para cozinhar o alimento.
  3. Evite a passagem de vento
    Feche as janelas enquanto cozinha. O vento diminui a potência das chamas, exigindo mais tempo para que a panela atinja a temperatura ideal.
  4. Use bocas do fogão adequadas
    Colocar uma panela pequena em uma boca grande é desperdício de gás de cozinha.
  5. Tampe as panelas
    Panelas tampadas aproveitam mais as chamas e, por isso, cozinham mais rápido, já que o calor não se dissipa para o ar. Dê preferencia para as panelas de pressão.
  6. Corte os alimentos em pedaços
    O tempo de uso é determinante para a economia de gás. Por isso, quanto menor o corte do alimento, menos tempo ele levará para ser cozido.
  7. Otimize o uso do forno
    Tente cozinhar pratos diferentes de uma só vez no forno. Além disso, não fique abrindo e fechando o forno enquanto assa.

Vale ressaltar que o uso de álcool para acender fogões a lenha e a carvão é extremamente perigoso. Em setembro, uma moradora de Osasco, na Grande São Paulo, morreu após ter 90% do corpo queimado quando cozinhava com álcool.

Fonte: G1 RO