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Gafanhotos invadem Cuiabá, destroem árvores e plantações; Veja Fotos e Vídeo
Especialistas afirmam que o aparecimento pode estar relacionado às queimadas; Os machos medem 7 cm e as fêmeas 11 centímetros
Moradores de condomínios na MT-010 e no Distrito da Guia, em Cuiabá, se assustaram com a quantidade de gafanhotos que começou a aparecer na região nesta sexta-feira (28). Chama a atenção o tamanho dos insetos que, gigantescos, atacam árvores e pomares da região.
Presidente da associação dos moradores do Distrito da Guia, Josefina Almeida, relatada que moradores acreditam que são as nuvens de gafanhotos que vieram da Argentina e chegaram à capital mato-grossense, mas especialistas descartam esta possibilidade.
Professor de agronomia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o especialista em Entomologia (estudo de insetos) Orlando Sales Júnior explica que os gafanhotos que invadiram Cuiabá são de espécie brasileira e típica do Estado. O nome científico é Tropidacris collaris e é considerada entre as maiores espécies do mundo. Os machos adultos podem chegar a 7 cm e as fêmeas 11 cm.
“A espécie de gafanhotos que devastou áreas na Argentina e se aproximou do país é Schistocerca cancellata”, afirma a agrônoma Ana Paula Vicenzi, fiscal estadual de defesa agropecuária e florestal e coordenadora de defesa sanitária vegetal do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (IndeaMT). “Há cerca de dois meses houve um relato isolado da ocorrência na região do Lago do Manso, mas constatou-se que não se tratava das nuvens argentinas, mas de um gafanhoto de ocorrência comum no Estado, não havendo motivos para alarde”.
Os insetos adultos, por sobrevivência, andam em bando e vivem até oito semanas. “Os gafanhotos da nuvem que vem da Argentina é de outra espécie, é menor do que essa que encontramos aqui em Mato Grosso, tem hábitos diferentes e é migratório. Eles são mais devastadores”, acrescentou o professor.
Esses insetos fazem voos circulares nas regiões vizinhas como, por exemplo, no Distrito da Guia, no Coxipó do Ouro e nas cidades de Nobres e Nossa Senhora do Livramento.
O professor comenta que existe a possiblidade das queimadas terem provocado a necessidade destes animais saírem para procurar alimentos, mas lembra que há anos contribui em entrevistas sobre o aparecimento dos insetos em grandes quantidades nas regiões citadas. “Essas ocorrências são esporádicas, de tempos em tempos. Há mais de 12 anos dou entrevistas como essa. A próxima pode ser daqui mais 10 anos. O que determina essa ocorrência são fatores climáticos, ou seja, certas condições do clima da região que determina que os gafanhotos andem em bandos e aumentem a sua população, por questão de sobrevivência”.
Orlando Sales cita também que o crescimento das cidades na baixada cuiabana, as chácaras e novos sítios, provocam essas mudanças nos hábitos dos insetos.
Os gafanhotos assustam. Devastam hortas e pomares, como o que vem acontecendo na saída de Cuiabá para a Guia e no próprio distrito. “Não tem como controlar. Aplicar inseticida em área urbana pode ser um risco de infecção às pessoas e animais domésticos. Eu não recomendaria”, afirma o entomologista.
Além disso, assim como qualquer outro ser vivo, o gafanhoto é parte de uma cadeia-alimentar onde serve como alimento para lagartos e algumas aves de grande porte.
Ocorrências sobre surtos de gafanhotos no estado do Mato Grosso devem ser reportadas ao Indea, através dos canais de atendimento ou na ouvidoria (0800 647 9990).
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Fonte: Repórter MT