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Agro: 40% das exportações do Brasil no 1º semestre foram para a China
Segundo embaixador, a receita obtida supera em US$ 5 bi a soma das vendas externas para EUA, América Latina e Caribe, Europa, África e Oriente Médio
A China é o principal parceiro comercial do Brasil. No primeiro semestre deste ano, 40% das exportações agrícolas brasileiras tiveram como destino o país asiático, segundo o embaixador Orlando Leite Ribeiro, que é secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura. A informação foi divulgada nesta quinta-feira, 24, durante webinar promovido pelo Conselho Empresarial Brasil-China, que discutiu as relações comerciais entre os dois países.
As exportações brasileiras para o país asiático foram superiores em US$ 5 bilhões à soma da receita originada com vendas externas para os Estados Unidos, América Latina e Caribe, Europa, África e Oriente Médio.
No primeiro semestre, 72% dos embarques brasileiros foram de soja. “E a exportação de soja para a China correspondeu a 28,6% do total embarcado pelo agronegócio brasileiro para o mundo, mas precisamos diversificar produtos e mercados. Desde o começo do governo já temos 85 novos mercados. Só em 2020, temos 50 novos produtos e mercado. A agenda pela frente é grande, temos farelo de soja, revisão de protocolo do milho, do tabaco e uma série de outros produtos”, reforça Ribeiro.
Em contrapartida, a diretora comercial da Cofco International no Brasil, Carolina Tascon, reforçou que houve um crescimento de demanda por parte da China em decorrência da pandemia da Covid-19 e também da recomposição dos planteis suínos chineses. “Tivemos uma antecipação da demanda, tentando mitigar qualquer tipo de ruptura na cadeia de valor devido à pandemia. E a China foi amplamente atingida pela peste suína africana em 2018 e 2019, e há um esforço grande para fazer recomposição do rebanho suíno, que demanda mais ração e sustenta o aumento das importações de soja brasileira”, explica.
E não é só a soja que está na pauta de importação dos chineses, ainda durante o encontro, o ministro conselheiro Qu Yuhui, da Embaixada da China no Brasil, destacou que a nação asiática pretende dobrar a demanda por produtos agrícolas até 2050. “Até 2027, a importação chinesa de carne bovina vai chegar a 8 milhões de toneladas. Atualmente, cerca de 30% das importações do país são de origem brasileira. O Brasil tem conseguido ocupar uma fatia significativa do mercado chinês”, apontou.
A questão da diversificação e o aumento da demanda chinesa também foram ponderados pelo moderador do webinar, Luiz Augusto de Castro Neves, que é presidente do Conselho Empresarial Brasil-China e ex-embaixador do Brasil na China. “Especialmente por conta do crescimento da classe média chinesa e da continuidade do processo de urbanização do país”, completou.
Porém, um dos temas mais relevantes quando o assunto é relação comercial é a sustentabilidade. Ainda no webinar, o presidente da divisão Crop Sciente da Bayer na América Latina, Rodrigo Santos, reafirmou que o Brasil é um grande exemplo mundial, mostrando que é possível ser potência agrícola e ambiental ao mesmo tempo.
“Apenas 7% do território brasileiro é utilizado para a agricultura. Na nossa visão, mais de 95% do aumento da produção de alimento nos próximos anos será através do aumento de produtividade, e o que impulsionar esse crescimento é a ciência, inovação e tecnologia. Não precisamos expandir área para aumentar a produção de alimentos”, disse Santos.
Rastreabilidade
Recentemente, a Cofco International, líder em processamento de alimentos da China, divulgou que irá rastrear a soja adquirida no Brasil até 2023. Segundo a diretora comercial da multinacional, esse processo será feito através de monitoramento por satélite, investimento em geoprocessamento de dados e adequações dentro dos sistemas internos para conseguir fazer links entre os contratos comerciais e os pontos de carregamento físico da mercadoria.
“Vamos acompanhar toda a cadeia de valor dessas commodities que estamos comercializando. Além da tecnologia, estamos com trabalho forte de treinamento de equipes, conscientização do que representa a rastreabilidade dentro da cadeia de valor e estar próximo aos produtores, dividir os objetivos que temos e trazer os produtores para Cofco para atingirmos nossas metas”, informou a diretora.
Desmatamento do bioma Amazônia
Outro tema em debate durante o webinar foi o aumento no desmatamento no bioma Amazônia. O ministro Qu Yuhui afirmou que a demanda chinesa não pode ser alvo de ataques por eventuais problemas de desmatamento no Brasil. “A tecnologia, ciência e inovação podem aumentar a rastreabilidade e, consequentemente, ajudar na sustentabilidade”, ponderou.
Já a diretora comercial da Cofco International, disse que é um golpe para a imagem e reputação do país. “É importante que a gente alinhe os interesses de empresas, governo e produtores, unificar o discurso para defender a imagem do país”, ressaltou Carolina.
Fonte: Canal Rural