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Pró-Espécies realiza oficina de protocolos de risco de invasão para espécies aquáticas

Publicado 17/06/2020
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Foi realizada entre os dias 19 de maio a 03 de junho de 2020 a 1ª Oficina para Validação dos Protocolos de Avaliação de Risco de Invasão de Espécies Aquáticas (Peixes e Invertebrados) pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com o apoio do WWF-Brasil. A oficina teve como objetivo apresentar os modelos de protocolos de avaliação de risco de importação de espécies de peixes e invertebrados aquáticos em elaboração e discutir sua calibração e validação.

Os protocolos foram desenvolvidos no âmbito do Componente 03 – Alerta e detecção precoce de espécies exóticas invasoras do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção. O Projeto dá suporte à implementação da Estratégia Nacional de Espécies Exóticas Invasoras, publicada pelo Ministério do Meio Ambiente por meio da Resolução CONABIO nº 07, de 29 maio de 2018.

A reunião foi planejada para ocorrer de forma presencial em abril e foi adaptada para a forma remota, por meio de videoconferência, devido às medidas de isolamento social como forma de prevenção e combate à pandemia do Coronavírus (Covid-19). Previamente à 1ª reunião virtual, que ocorreu no dia 21 de maio, foram enviadas vídeo-palestras elaboradas pelos consultores Daniel Pereira e Carlos Belz, da Lótica Projetos Socioambientais. Nos vídeos foram contextualizadas a elaboração dos protocolos dentro da Estratégia Nacional e do Projeto Pró-Espécies e o modelo e metodologia de análise de risco.

Logo, foram disponibilizados os protocolos a todos os participantes para que cada um pudesse testar o modelo estabelecido para pelo menos três espécies e a partir disso elaborar um breve parecer contendo observações e sugestões de aprimoramento. As atividades referentes à reunião se encerraram no dia 03 de junho.

Participaram representantes do Ibama, Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, Centro de Manejo de Fauna da Caatinga da Universidade Federal do Vale de São Francisco (CEMAFAUNA), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), WWF-Brasil, Projeto Conservação Recifal, Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Universidade Estadual Londrina (UEL), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade La Salle (Unilasalle).

Estruturação de modelos atuais e calibragem

A etapa inicial desse processo foi realizada durante uma oficina em Brasília, em outubro de 2018, na qual foi apresentada a primeira proposta de protocolos de avaliação de risco para peixes e invertebrados aquáticos e foram discutidas as questões e pesos que resultaram na estruturação dos atuais modelos. Contou com a participação de técnicos dos órgãos ambientais e membros da Academia.

Desde então, os protocolos passaram por ajustes que envolveram a rodagem preliminar dos modelos com o uso de informações referentes a pelo menos uma centena de espécies de peixes e invertebrados aquáticos marinhos e de água doce. Posteriormente, foram submetidos à calibração fina e validação com auxílio de pesquisadores com experiência nas áreas de bioinvasão e em biologia e ecologia dos grupos de espécies consideradas, além de técnicos do Ibama, do ICMBio e MMA.

Introdução de espécies exóticas invasoras no país

Apesar do intercâmbio de espécies entre áreas distintas não ser novidade ao longo da história humana e mesmo geológica, a partir do século XX, com o desenvolvimento de transportes mais eficientes e rápidos, tornou-se possível o deslocamento de grandes quantidades de cargas e pessoas entre locais distantes do planeta, facilitando bastante a transferência de diferentes espécies de fauna, flora e microrganismos.

Grande parte das espécies exóticas introduzidas no país não conseguem estabelecer-se em um novo ambiente, mas aquelas que conseguem sobreviver e são bem-sucedidas estabelecem populações capazes de produzir descendentes e podem ser dominantes em um novo ambiente, competindo com as espécies nativas. Mais tarde, elas podem dispersar-se para outros locais, com potencial de alterar a composição de espécies, a paisagem e os processos e serviços ecossistêmicos, sendo consideradas espécies exóticas invasoras.

“Junto com a perda de habitats e mudanças do clima, a introdução de espécies exóticas efetiva ou potencialmente invasoras é considerada uma das causas de perda não somente de diversidade de espécies como de alterações no funcionamento de ecossistemas”, apontou Ivan Teixeira, analista ambiental do Ibama e coordenador da atividade.

Essas espécies não somente mudam a função de ecossistemas, mas também podem ter potenciais impactos em atividades econômicas e na saúde de animais e humanos. Trata-se de um fenômeno que deve ser entendido como um processo complexo e que envolve interações ecológicas com o meio abiótico e com as espécies nativas e introduzidas pré-existentes.

Por isso, o desenvolvimento de protocolos de avaliação de risco são ferramentas importantes que têm como objetivo subsidiar a tomada de decisão quanto à importação de espécies no território brasileiro, fazendo parte da análise de risco, que envolve a identificação do risco, das vias e vetores de introdução, da caracterização do risco, seus impactos potenciais, formas, viabilidade e custos de manejo e controle, além de programas de comunicação.

Fonte: wwf