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Superação e inspiração: mãe e filho constroem trajetória no Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia
Com os dois filhos, Joana se orgulha da própria história

Publicado 08/05/2020
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Foto: Pedro Adilon

Se ser mãe é sinônimo de amor, carinho e ternura, há palavras que marcam ainda mais a vida de algumas mulheres. Superação, força e inspiração: os substantivos definem a história de Joana Darque de Souza Leite, ou como é conhecida no Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia, aluna sargento Joana Darque.

Para a órfã, criada pela avó desde os 8 anos de idade, ingressar na corporação foi uma das maiores realizações de sua vida, mas não sem antes passar por muitos momentos de dificuldade. Hoje, aos 39 anos, Joana relembra a trajetória.

“Eu engravidei do meu filho mais velho aos 17 anos. Na época, por não ter estudo, eu trabalhava como empregada doméstica. Naquele tempo a gente morava na casa dos patrões. Meu filho foi sendo criado também pela minha vó e só nos víamos aos finais de semana. Em 2002 deixei esse emprego e fui trabalhar como vendedora ambulante. Já em 2007 fiz um curso de vigilante, e trabalhei um ano nessa profissão. Foi aí que decidi: preciso passar em um concurso”, conta.

Aprovada no concurso do Corpo de Bombeiros em 2008, Joana foi chamada para o curso de formação em 2009. “Tanto que eu era tomada como exemplo para muitos lá. Muitos eram solteiros e colocavam muitas dificuldades, mas eu não desistia. A essa altura eu já tinha dois filhos, mas eu consegui conciliar e a minha mudou consideravelmente depois que entrei na corporação. Só tenho a agradecer”, lembra.

Atualmente, 10 anos depois de toda a trajetória já vivida, Joana está fazendo o curso para sargento e acompanha de perto o início da carreira do filho mais velho, Carlos Eduardo Leite Rodrigues, que agora segue os passos da mãe. “Quando abriu o processo seletivo para soldado em 2014, ele tinha 15 anos. Conversei com ele, fiz a inscrição, ele fez e foi aprovado. Como o concurso é válido por dois anos, podendo ser prorrogado por mais dois, quando ele foi convocado já estava com 19 anos”.

Há quase dois anos na corporação, Carlos Eduardo lembra como foi inspirador o exemplo da mãe em sua vida. “A influência materna que tive sempre foi de estudar e trabalhar honestamente para alcançar mobilidade social. Ela foi mãe solteira, levantava 3h da madrugada a fim de pegar o melhor lugar na frente da escola em dia de concurso para vender água. Por inúmeras vezes eu a acompanhei, a vi batalhando mesmo grávida do meu irmão, para vender seus espetinhos”.

O jovem, atualmente com 21 anos, sabe bem como foi difícil para a mãe chegar onde chegou. “Testemunhei suas atividades como vigilante, tudo antes de 2010. A partir daquele ano, com a entrada da minha mãe na corporação, eu pude ainda mais me apaixonar com a carreira no Corpo de Bombeiros de Rondônia, tendo em vista que o seu exemplo, tanto de vida quanto laboral, foi me guiando a seguir estes seus passos e demais conselhos”, acrescenta.

Com apenas 15 anos e cursando o 2° ano do ensino médio no Colégio Tiradentes da capital, Carlos Eduardo fez tudo conforme as instruções da mãe e foi aprovado nos exames teórico, prático e psicotécnico ainda aos 16 anos de idade.

“Ingressei na 2° turma de 2017, já com 19. Com ela aprendi e tomei gosto para ser também um Bombeiro Militar, aprendi o valor do trabalho e a embater as dificuldades diárias, e agora mãe e filho salvaguardam as vidas e riquezas da população de Rondônia”, conclui.

O filho mais novo, Carlos Alexandre, 14 anos, já segue os mesmos exemplos e valores do legado ensinado pela mãe. “Meus filhos são meus maiores tesouros”.