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Agevisa alerta para vacinação contra tétano em RO; maioria dos casos ocorre em homens com mais de 40 anos

Publicado 27/09/2019
Atualizado 27/09/2019
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Focado em diminuir a letalidade por tétano, o Governo de Rondônia trabalha com a promoção das informações a respeito da doença e apelo à imunização por esquema vacinal. A presença do cidadão na unidade de saúde, imediatamente após o ferimento, pode combater o desenvolvimento da doença que acomete, em maioria, pessoas do sexo masculino e pode resultar em óbito.

Segundo a Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), o tétano é uma doença infecciosa não contagiosa, causada pela ação de exotoxinas produzidas pela bactéria Clostridium tetani, encontrada na natureza, podendo atingir qualquer pessoa, de qualquer sexo e idade, e em qualquer lugar do mundo. A imunidade permanente acontece por meio de vacinação. Como uma doença rara, apresenta alta letalidade, onde de cada 100 pessoas que adoecem, 30% morrem.

Com duas formas de apresentação, o tétano neonatal, em recém-nascido, não acontece desde 1984, quando foi registrado o último caso. Desde então, ocorre apenas o tétano acidental, em pessoas com mais de 28 anos, onde a maioria dos casos se dá em pessoas com mais de 50 anos (estudos atuais relatam a redução da imunidade e diminuição do reflexo, pela idade, como indicadores de maior risco de infecção, além da falta de imunização).

“Com o tempo, o título de anticorpos vai caindo, se a pessoa não mantiver o esquema vacinal. É tendência das pessoas vacinar uma vez, pensado que nunca mais precisam. Todos tem a célula de memória e a qualquer momento que tomar uma dose de reforço, estimula o sistema e acontece uma produção rápida e alta de anticorpos, que dura 10 anos. Mas, a pessoa com o tempo, relaxa. Se identifica muita dificuldade em manter o esquema vacinal completo em adultos”, explicou Arlete Baldez, gerente técnica de Vigilância Epidemiológica.

Como uma das principais metas da Agevisa é diminuir a letalidade por tétano, a coordenadoria da doença, trabalha com o acompanhamento de cada caso, capacitações aos profissionais de saúde e análise de indicadores.

Pela série histórica levantada e acompanhada pela Coordenação de Tétano, nos últimos três anos os casos notificados aumentaram, sendo que em 2016, de quatro casos notificados, dois foram confirmados e estes resultaram óbito. Em 2017, sete casos, todos confirmados e quatro óbitos. Em 2018, nove casos notificados, sendo que sete foram confirmados e destes, quatro óbitos, onde a particularidade foi de todos os casos em sexo masculino, sendo um acima de 40 anos e os demais com mais de 60 anos. Já, os últimos registros de 2019, confirmaram cinco casos e nenhum óbito.

“A incidência das notificações nos dá um espelho da doença, vemos que a incidência é baixa, porque temos boa cobertura vacinal no Estado. A mulher gestante, ou não, toma vacina contra o tétano. O homem já é mais difícil, por isso temos um grupo de risco que gostaríamos de reforçar a vacinação, como o mecânico e catador de lixo”, acrescentou a coordenadora Edite Lucena.

Com os números levantados, trabalha-se a capacitação aos profissionais de saúde para o diagnóstico. De suma importância para identificar clinicamente o tétano, auxiliando com celeridade o processo para tratamento e cura do paciente, bem como registro de indicadores.

A doença não é transmitida de pessoa para pessoa. Como uma infecção aguda, resulta a partir de um ferimento na pele, como arranhão, furo por prego, corte com faca ou ferro enferrujado, problemas dentários, acidentes de trânsito, mordida de animais, entre outros. Após o ferimento, o paciente tem seis horas para tomar o soro e a imunoglobulina.

“Temos que ser rápidos, porque a toxicina já fixada, não tem jeito, temos que usar antibiótico pra matar a bactéria e o soro para neutralizar aquela toxicina que ainda está circulando. Por isso a rapidez que temos que ter. Não temos muito tempo para trabalhar com suspeita, é imediato (o tratamento)”, explicou Arlete Baldez.

A incidência da doença é baixa, segundo os registros, mas quem adoece tem grande risco de ir à óbito, porque a bactéria ataca o sistema nervoso central. Por isso, o principal meio de prevenção é a vacina. Ainda assim, existem os cuidados básicos em casos de ferimentos, como lavar com água e sabão a ferida e proteger adequadamente, porque o bacilo vive em diversos ambientes e possui muita resistência.

A Agevisa trabalha com a comunicação e acompanhamento de cada caso junto às regionais de saúde, que são o suporte para os municípios de abrangência. O Estado conta com profissionais capacitados, medicamentos e estrutura para atendimento e tratamento, porém o apelo fica ao paciente, que deve procurar a unidade assim que sofrer um ferimento, para identificação da doença, prevenção com profilaxia e/ou encaminhamento ao Cemetron (Centro de Medicina Tropical).

Quanto mais cedo o cidadão procurar a unidade de saúde, mais chance de não manifestar os sintomas da doença, que demonstram o agravante, por atingir o sistema nervoso central, onde há dificuldade para deglutição com mandíbula travada, impossibilitando a alimentação, espasmos musculares, hiperreflexia e boa orientação (não perde a noção de tempo e espaço).

Um dos casos confirmados foi de um rapaz que sofreu acidente com motocicleta. O ferimento teve contato com a terra e resultou na infecção por tétano, onde uma das causas pode ter sido por falta de imunização.

O esquema básico de vacinação compreende três doses de vacina e um reforço para menores de sete anos e reforço a cada dez anos ou a cada gestação. A vacina está disponível em todas as unidades básicas de saúde do Estado de Rondônia.