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Ela confiou nele', diz filha de mulher estuprada e morta em balneário, durante julgamento de agente
Jovem esteve entre as testemunhas ouvidas durante a nova sessão que acusa agente penitenciário nesta quinta-feira (26), em Porto Velho.
A filha de Maristela Freitas Alves, de 21 anos, esteve entre as testemunhas que prestaram depoimento no plenário da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Porto Velho. Desde a manhã desta quinta-feira (26), ocorre uma nova sessão do caso que acusa o agente penitenciário William de Azevedo Teodoro, de 42 anos, pelo estupro e assassinato da mulher em setembro de 2018. "Ela confiou nele e foi com ele no carro", disse.
Em depoimento, ela detalhou o que aconteceu instantes antes da mãe, então de 36 anos, pegar carona com o agente e, horas depois, ser informada de que o corpo foi encontrado em um córrego do município.
"Estávamos eu, minha mãe, o ex-genro e a ex-cunhada da minha mãe e um amigo deles no bar. Ele (William) chegou por volta das 3h, foi apresentado pelo ex-genro a nós e se interessou pela minha mãe, mas ela aparentemente não. Chegou a oferecer cerveja e eles, depois, dançaram juntos. O estranho foi que ele insistiu muito para levar nós duas em casa. Eu disse que não iria com ele porque não o conhecia. Mas minha mãe mudou de ideia e eu não sei o porquê. Deixou minha bolsa e o celular comigo e foi com ele", contou a jovem.
Após prestar depoimento, a filha da vítima disse emocionada que; apenas que vai esperar que a Justiça seja feita.
"Eu acredito que ela confiou que ele a deixaria em casa. Além de Justiça, espero que ele se arrependa de verdade pelo que fez. Isso faria com que eu me sentisse melhor, pois até hoje pergunto o porquê de tudo isso".
No dia 9 de setembro de 2018, o corpo de Maristela Freitas Alves foi encontrado em um córrego no balneário Rio das Garças. Ela estava nua e com sinais de violência sexual. De acordo com a Polícia Militar (PM), foram achados, ainda, pedaços das roupas e manchas de sangue em um barranco.
Horas antes do corpo ser encontrado, a jovem passou a ligar para amigos da mãe preocupada com o sumiço da mulher. Porém, às 17h30 daquele dia, foi informada por dois policiais civis da morte de Maristela. "A gente não ia a balneário. Minha mãe gostava de se divertir mais em família. Éramos muito amigas", reforçou a filha da vítima. Além da jovem, Maristela deixou quatro filhos.
A filha da Maristela e outras quatro pessoas testemunharam durante a manhã e tarde de julgamento. De início, o Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) informou que eram oito pessoas no total. Porém, três não foram localizadas. Cerca de 30 pessoas acompanham a sessão, que deve terminar na madrugada de sexta-feira (27).
Réu nega acusações
Em interrogatório, William de Azevedo Teodoro negou as acusações e repassou informações contrárias. Segundo ele, o ex-genro de Maristela o abordou e apresentou a família a ele. Disse ainda que, durante a dança, a vítima pediu que os dois saíssem do local.
Logo após a saída, ainda de acordo com a versão do acusado, ambos conversaram por 15 minutos dentro do carro dele e combinaram, na sequência, de seguir ao balneário. "Ela aceitou ir comigo e fomos", disse.
Conforme William, Maristela foi deixada no balneário com vida, pois ela não teria aceitado retornar com ele. Alegou também que ficou assustado ao saber da morte da mulher e de como o corpo dela foi achado. Ele responde pelo processo em liberdade.
"Ele procurou a polícia, se apresentou. Estava assustado e resolveu se apresentar à polícia. Fez todos os exames possíveis porque ele foi atrás e se manteve à disposição da Justiça durante esse tempo. Estamos trabalhando com as provas técnicas, que deram negativo", explicou um dos advogados de William, Graciliano Ortega Sanches.
Segundo a promotora de acusação, Joice Gushy Azevedo, o agente penitenciário é julgado na nova sessão por homicídio, com as qualificadoras: motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima, asfixia e feminicídio, além de estupro.
"É um feminicídio por abuso e desprezo da condição da vítima em razão dela ser mulher. Maristela foi agredida, muito espancada para ser violada sexualmente. Após isso, ele a matou a asfixiando. Não existe nenhuma prova nos autos de que ela estava desacordada já quando ele a asfixiou", reforçou a promotora.
Anulação do 1º julgamento
William de Azevedo Teodoro havia sido condenado a 26 anos de prisão no dia 2 de maio deste ano. A defesa, então, ingressou com recurso ao TJ-RO pedindo que o julgamento fosse anulado. O pedido foi acatado pela Justiça. A alegação era de que a decisão dos jurados anteriores foi contrária às provas nos autos.
O acusado do crime foi preso temporariamente no dia 20 de setembro, após imagens de câmeras de segurança de um bar mostrarem suspeito e vítima saindo juntos do local.
Segundo as investigações, Willian de Azevedo Teodoro ofereceu carona à vítima, mas ao invés de deixá-la em casa, como havia sido combinado, ele a levou a um balneário. O agente matou a mulher diante da recusa da vítima de manter relações sexuais com ele.
Fonte: G1/RO