AltoAlegreNotícias

AltoAlegreNotícias

Especialistas apontam desafios para a comunicação segura sobre suicídio
A Frente Parlamentar Mista para Promoção da Saúde Mental promoveu palestras sobre o assunto na Câmara

Por Redação
Publicado Hoje, às 08h 17min

Foto: Renato Araujo/Câmara dos Deputados

A Frente Parlamentar Mista para Promoção da Saúde Mental promoveu nesta quinta-feira (26), na Câmara dos Deputados, um ciclo de palestras sobre os desafios para a comunicação segura sobre suicídio.

O presidente da frente, deputado Pedro Campos (PSB-PE), destacou que o mundo passa por uma crise de saúde mental. O deputado disse que entre as prioridades da frente estão projetos de lei com medidas para o combate ao suicídio de crianças e adolescentes (PL 1773/22) e a promoção da saúde mental dos profissionais da saúde (PL 4724/23). "Novas legislações que possam garantir a saúde mental e que possam prevenir o suicídio.”

Fundadora do Instituto Vita, Karen Scavacini defende que os meios de comunicação tratem o tema com mais sensibilidade. Ela também já foi diretora científica da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio e cita como exemplo ruim a capa de uma revista de celebridades que trouxe como manchete “A atriz que morreu por amor”. A especialista alertou para o risco de uma história como essa viralizar por conta da romantização da notícia.

Karen enumerou os erros cometidos pela publicação na abordagem do caso: colocou na capa a foto da celebridade e publicou a carta de despedida que havia sido dirigida à revista. "Suicídio de celebridade costuma receber atenção especial da mídia e quanto maior a identificação de uma pessoa vulnerável com o ídolo, maior a probabilidade de ser influenciada a fazer a mesma coisa", alertou.

Entre as recomendações da especialista para publicação de notícias sobre suicídio estão: não tratar o assunto na primeira página, tampouco usar a palavra suicídio na chamada, ou usar fotos e dar detalhes; jamais usar fotos grandes, principalmente se a pessoa que se matou for jovem e bonita; e não publicar cartas de despedida, para não servirem de exemplo.

Ela considera válido, entretanto, apresentar histórias de superação e relatos de famosos que já pensaram em pôr fim à vida ou que já perderam alguém. Outra sugestão de Karen é que reportagens sobre suicídio privilegiem entrevistas com especialistas, em vez de policiais e socorristas, e sempre que possível informem locais onde a pessoa pode procurar ajuda, como o Centro de Valorização da Vida, cvv.org.br ou telefone 188.

Internet
O usuário de internet tem um papel ainda mais importante, segundo Karen Scavacini. O internauta, conforme ela, costuma ser o maior divulgador desse tipo de informação. Ela recomenda que nunca se compartilhem cenas, vídeos ou detalhes de um suicídio.

Dados do Ipea, colhidos entre 1980 e 2009, mostram que os meios de comunicação foram o terceiro motivador de suicídio, depois de desemprego e violência. A pesquisa aponta que o aumento de 1% da cobertura da mídia em relação ao assunto representou o aumento de 5,34% na taxa de suicídio de homens jovens entre 15 e 29 anos.

Mas isso não significa que o tema não deve ser tratado. “Porque na hora que a gente ensina as pessoas a falar abertamente e da forma correta, da forma segura, a gente pode ajudar até a diminuir o número de casos", ponderou Karen.

Na internet, segundo a especialista, as pessoas podem ajudar na prevenção ao suicídio. "Não adianta a gente colocar esse tema que ainda é muito tabu no silêncio, porque a gente não vai ajudar as pessoas ao não falar. A gente pode mostrar os sinais e onde obter ajuda”, completou

Redes sociais
A diretora de relações institucionais do Redes Cordiais, Gabriela de Almeida, afirma que é importante prestar atenção ao tempo gasto no consumo de redes sociais, equilibrar o tempo online e entender como o conteúdo afeta a saúde mental.

“Um uso equilibrado é aquele em que a gente não fique muito refém. Cancelar o máximo de notificações que você puder vai ajudar a ter uma relação mais saudável com as redes sociais e com a internet”, sugeriu.

Prevenção
A Lei 13.819/19 instituiu a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio e a Portaria 2.493/20 instituiu o Comitê Gestor da Politica Nacional de Prevenção da Automitilação e Suicídio.

Coordenadora Geral de Vigilância e Prevenção de Violências e Acidentes e Promoção da Cultura de Paz do Ministério da Saúde, Naísa Sá considerou o debate importante para subsidiar novos materiais do ministério a serem feitos no futuro. "Repensar as nossas formas de atuação e de comunicação de prevenção ao suicídio e falar sobre suicídio durante todo ano, não apenas durante o Setembro Amarelo.”

As palestras sobre o tema vão estar disponíveis na página da Frente Parlamentar Mista para Promoção da Saúde Mental.

Gostou do conteúdo que você acessou? Quer saber mais? Faça parte do nosso grupo de notícias!
Para fazer parte acesse o link para entrar no grupo do WhatsApp: