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Amazônia tem recorde de queimadas em 24h e supera o “Dia do Fogo”
A Amazônia vem registrando mais de 3.000 focos em um dia

Por Redação
Publicado 24/08/2022
Atualizado 24/08/2022

Foto: J. Gomes

Nos últimos sete dias as queimadas na Amazônia aumentaram e atingiram uma média diária de focos de calor,de acordo com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Na segunda-feira (22) foram registrados um recorde de queimadas: 3.358 focos de incêndio, o maior número para o mês em pelo menos cinco anos.

A diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do MapBiomas Fogo Ane Alencar, disse ao site da Uol que foi o pior dia de agosto desde ao menos 2017. Segundo a coordenadora o número é maior que o total registrado no mês de junho deste ano, quando foram 2.562 focos captados por satélite pelo Inpe. Nos últimos sete dias, foram 13.174 focos contabilizados, o que dá uma média de 1.882 ao dia. Até então, as piores médias diárias registradas pelo Inpe no atual governo foram em agosto de 2019 (média de 996/dia) e setembro de 2020 (média de 1.067/dia).

De acordo com o Inpe no primeiro semestre de 2020, a Amazônia já havia registrado uma alta de 17% nas queimadas ou seja vem registrando mais de 3.000 focos de incêndio por dia.  Segundo a coordenadora esse número é maior do que aconteceu no ‘Dia do Fogo’, indicando que as previsões sobre aumento do fogo em anos de eleição começam a se concretizar. No que ficou conhecido como ‘Dia do Fogo’, entre os dias 10 e 11 de agosto de 2019, desmatadores decidiram, de forma coordenada, atear fogo às margens da BR-163, no Pará, com foco em Novo Progresso. Naqueles dois dias, o Inpe detectou 1.457 focos de calor no estado.

Ainda segundo Ane Alencar o fogo deve continuar crescendo na região, já que a Amazônia enfrentou, nos últimos meses, um desmatamento muito alto. De agosto de 2021 até julho de 2022, foram derrubados 8.590,33 km² do bioma, área maior que a da Grande São Paulo.

“Acho que daqui para a frente podemos esperar mais queimadas, pois tem o que queimar, muito desmatamento ocorreu. É só esperar se o clima vai ajudar”, afirma. Ane afirma que diferente de outros biomas na Amazônia não há queimadas causadas por autocombustão. Elas são em quase 100% dos casos relacionadas ao homem no processo conhecido como limpeza de área. Em regra, o fogo vem em seguida a um processo de desmatamento, que destrói os demais materiais vivos e prepara o terreno para virar um pasto. Ao longo do governo Jair Bolsonaro, as queimadas se tornaram constantes e, em 2019, chamaram a atenção do mundo.

O doutor em ciências ambientais e professor de ecologia na Faculdade de Biologia na UFPA (Universidade Federal de Pará) Rodolfo Salm, destacou na entrevista da Uol que os incêndios florestais são bem diferentes daqueles vistos na Europa —que enfrenta a pior onda de calor da sua história.

E afirma que o um único evento de queimadas em uma área de mata nunca antes submetida ao fogo na Amazônia gera uma grande mortalidade de árvores. No ano seguinte, essa mesma floresta submetida ao fogo queimará intensamente, sendo destruída em definitivo. “A Europa tem uma área crescente de florestas, enquanto a região amazônica vem perdendo área florestada a cada ano; antes pelas bordas, e agora cada vez mais rapidamente pelo meio. Isso a aproxima cada vez mais do ponto de não retorno , quando não conseguiremos mais salvá-la”, finalizou.

 

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