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Pesquisadores estudam criação de rãs para consumo como nicho de mercado em Rondônia
Protagonista da pesquisa é a rã-touro, estudada por professores do curso de Engenharia de Pesca da Unir. Para comparação, a carne da rã varia entre os sabores do peixe e do frango. Entenda motivos para a produção no estado.

Publicado 05/10/2021

Foto: Curso de Engenharia de Pesca/Reprodução

A criação de rãs para alimentação humana é um nicho de mercado inusitado estudado por pesquisadores do curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal de Rondônia (Unir). O vídeo acima mostra as instalações dos animais no campus de Presidente Médici (RO).

A protagonista da pesquisa é a rã-touro - Lithobates catesbeianus - espécie apontada como a de melhor desempenho e produtividade. Estão envolvidos no projeto quatro professores da Unir, seis alunos e quatro produtores locais, sem vínculo com a instituição.

Segundo o professor doutor aquicultura e coordenador do projeto, Donovan Felipe Henrique Pinto, atualmente no ranário no campus Presidente Médici vivem 40 rãs adultas e já reproduziu mais de 8 mil girinos. Os girinos nascidos no local foram devolvidos aos produtores que cederam os animais.

Sobre o valor econômico, o professor explica que atualmente a comercialização do quilo limpo está em torno de R$ 80. Já as coxas, consideradas partes nobres, são vendidas no estado por R$ 190 o quilo, em média.

"Esse é um nicho de mercado que poderia ser aberto em Rondônia, pois os animais se reproduzem em grande quantidade, o ano inteiro. O ranário precisa de uma manutenção diária pequena. Além disso, o animal é rústico e aguenta ser manejado, o que é uma característica boa para animais de produção", comenta o pesquisador.

Mas e o gosto?

Para comparação, a rã varia entre os sabores do peixe e do frango e é considerada uma carne muito saudável. Apontada como um artigo de luxo na alta gastronomia.

"É bem leve. É uma carne com menos de 3% de gordura, então podemos até dizer que é fitness", diz o professor.

Criação

O animal nasce na água e tem seu primeiro período de desenvolvimento nela — como girino. Após três meses passa pelo estágio de metamorfose e então se transforma em rã. É necessário levar esse processo em conta para a criação do animal, que depende da água, mas também de um espaço seco para se alimentar.

Por isso o ranário pode ser construído como um tanque, com redes e divisórias para cada processo, entre eles: de reprodução, para engordar o animal e tanques de retenção.

"Existem vários tipos de baias. No caso da Unir, que é voltada para pesquisa, elas são feitas com lonas e alvenaria. As telas de proteção são muito importantes, pois devemos evitar ao máximo que os animais fujam para natureza e se confrontem com nossas espécies locais", explica o professor Donovan.

Conforme as pesquisas a rã-touro é norte-americana, foi trazida para o Brasil na década de 1930. Atualmente nosso país é o segundo maior produtor de rã em cativeiro do mundo, perdendo apenas para a China.

Outro trabalho do grupo de pesquisa da Unir é tentar, junto ao poder público, conseguir melhorias quanto à legislação da produção das rãs no estado para gerar incentivo para implementar esse nicho de mercado.

Atualmente, entre as principais exigências da legislação estão que as rãs devem ser mantidas em ambiente com água limpa e precisam receber ração nova.

"Ainda se tem um preconceito grande com a rã, falam que é sapo e não sabem diferenciar um do outro, mas a rã é uma produção extremamente viável. Para o produtor que quiser é simples e barato de fazer", analisa Donovan.

E o curso de Engenharia de Pesca trabalha para isso: ampliar os conhecimentos técnicos de produção para a região, diminuir os preconceitos transferindo aos alunos conceitos dessa nova linha de produção rural.

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Fonte: G1 RO