'Cheguei a pensar que não conseguiria', desabafou Kétyla Teodoro, paratleta de RO, que ficou 104 dias sem treinar após Covid
Paratleta compete em duas modalidades nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 e teve Covid-19 em março deste ano. Competidora é forte aposta para conquistar medalhas para o Brasil.
Depois de ser contaminada pela Covid-19, em março deste ano, a paratleta Kétyla Teodoro, de 25 anos, desenvolveu uma patologia cardíaca, que a impediu de treinar por 104 dias. A paratleta, que disputa o pódio em duas modalidades do atletismo paralímpico nas Paralimpíadas de Tóquio, pensou que não conseguiria competir, devido as sequelas da doença.
"Tivemos [ela e a família] a Covid no início de março e desenvolvi um caso de miocardite. Fiquei 104 dias parada. Foram os dias mais difíceis pra mim, um dia foi mais difícil que o outro. E eu cheguei a pensar que não conseguiria estar aqui hoje [no Japão], mas deu tudo certo", contou Kétyla.
Positivados
Em entrevista à Rede Amazônica, a paratleta contou que ela e o irmão Kesley, também da Seleção Brasileira de Paratletismo, precisaram ficar oito meses treinando de forma restrita em Porto Velho, para se proteger da Covid-19.
Em março, a dupla conseguiu retornar para São Paulo e retomar os treinos visando a competição paralímpica. No sudeste, onde moram, ela e a família foram contaminados pelo coronavírus.
"A gente passou por um momento muito difícil. A gente ficou treinando restrito em casa em Porto Velho durante oito meses, mas precisamos retornar a São Paulo para os treinamentos. Infelizmente ficamos acometidos por esse mal que aflige nosso planeta", revelou.
Kétyla é uma atleta de alto rendimento e faz parte da Seleção Brasileira de Paratletismo. Ela foi classificada em terceiro lugar no ranking mundial de paratletas da classe T12 (atletas com baixa visão) de 2020, nas modalidades dos 200m e 400m. Ketyla, natural de Rolim de Moura, interior de Rondônia, é uma forte aposta para conquistar medalhas em Tóquio.
Às vésperas de estrear nos Jogos Paralímpicos e faltando apenas oito semanas para o início dos jogos, quando Kétyla já estava perdendo as esperanças, a convocação dos atletas para disputa de Tóquio aconteceu.
"Uma semana antes [da convocação] tive alta do médico. Fui convocada e hoje estou aqui. Saber tudo que a gente passou é muito gratificante", contou.
Em uma postagem nas redes sociais, ela e o irmão gravaram o momento em que foram convocados. Na legenda do vídeo, Kétyla escreveu sobre como o sonho em ser convocada parecia distante.
"Em meio a tantas dificuldades, Deus sempre supriu todas as nossas necessidades. Um sonho que parecia tão distante se tornou tão real agora."
Irmãos Teodoro
Para facilitar os treinamentos, a família da competidora mora atualmente em São Paulo. Kétyla e Kesley são os únicos filhos do casal Pedro e Irenilde. Conforme a paratleta, ter o apoio da família enquanto se recuperava da Covid-19 foi fundamental.
"Foi muito difícil e o auxílio da família foi fundamental, porque eu não podia ir para o Centro de Treinamento, eu não podia treinar, eu tinha que tomar medicações fortes, e então eu acabei perdendo muito rendimento, foi uma fase bem complicada mesmo", disse.
Os irmãos Teodoro iniciaram a carreira no esporte em Porto Velho. Em entrevista, Kétyla contou que o apoio de Kesley para enfrentar os dias sem treino e não perder as esperanças sobre participar da competição em Tóquio, foi o que a fez não desanimar.
"Eu cheguei a pensar que não conseguiria, mas o mano sempre falava 'não, você vai conseguir, logo você vai estar de volta, vai treinar tudo de novo'. E graças a Deus a gente foi se reerguendo, e hoje estamos aqui juntos", disse.
Fonte: G1 RO