Meio ambiente: é compatível desenvolver e conservar
Neste sábado, 5 de junho, Rondônia vive mais um Dia Mundial do Meio Ambiente.
Nove estados brasileiros integram a Amazônia Legal, e países fronteiriços também possuem ecossistemas semelhantes: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Venezuela e Suriname.
São 28,1 milhões de pessoas habitando a Amazônia Brasileira. Quantos países e estados cabem nos 5,5 milhões de quilômetros quadrados desse imenso continente?
A 17ª Brigada de Infantaria de Selva divulgou que a Operação Verde Brasil 2, em 2020, encerrou suas atividades com arrecadação de aproximadamente R$ 400 milhões, provenientes da aplicação de multas e infrações no Acre, sudoeste amazonense e em Rondônia. Reflito a respeito desse informe acreditando que a parte destinada a Rondônia será muito bem aplicada pelo Governo do Estado.
Precisamos vencer os obstáculos para tornar realidade uma constatação do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal: “Não basta somente reprimir ilícitos (na Amazônia), é preciso criar um novo modelo de desenvolvimento para a região, baseado na ciência, pesquisa e inovação, para bioeconomia”.
Há uma imensa riqueza ainda imperceptível em nossas florestas para o desenvolvimento de fármacos e produtos cosméticos em geral.
E a bioeconomia existe, envolvendo brancos, indígenas, ribeirinhos e populações tradicionais. O que falta é fazer disso um soft power e consolidarmos a sua vitrine.
Alinhando com instituições como a Unir e o Instituto Federal de Rondônia (Ifro) para financiar projetos de pesquisa de desenvolvimento de produtos regionais com agregação de valor com inovação.
É o que o setor industrial espera e, à medida de suas possibilidades, dará sua contribuição, certo de que há nessas instituições cabeças que pensam o presente e o futuro próspero e equilibrado de nossa terra.
Sozinhos, a Sedam e o Governo não dão conta de aparar arestas existentes há anos e que maculam o empresariado. Exemplo disso são os madeireiros conscientes, aqueles que operam planos de manejo e que, se tiverem condições, reaproveitam restos de matéria-prima para gerar energia elétrica.
No entanto, é preciso ir além.
Um dos maiores ativos de Rondônia em todas as suas regiões para a atração de novos investimentos é a segurança hídrica, com a abundância de nossos rios e mananciais.
Devemos, portanto, ter um olhar especial para a questão da recuperação dos mananciais comprometidos ou em risco e incentivar a manutenção e preservação das matas ciliares, essenciais à conservação das nossas bacias hidrográficas.
Precisamos ir além das louváveis campanhas antifogo.
Precisamos superar esse modelo que tem no fogo a alternativa de trabalhar a terra.
A indústria rondoniense espera ser parte desses investimentos, pois a FIERO dispõe de ideias e projetos com chance de modificar para melhor o meio ambiente em tempo, ainda, do grande debate a respeito dos Objetivos do Milênio.
O Plano de desenvolvimento industrial - PDI elaborado pela FIERO/SENAI em convênio com o Governo do Estado contempla seis eixos básicos:
*Logística;
*Energia;
*Segurança Hídrica;
*TIC - Tecnologia da informação e telecomunicação;
*Capacitação de capital humano;
*Desenvolvimento Industrial.
Penso que, depois do zoneamento agroecológico e econômico de Rondônia, financiado pelo Banco Mundial, esse estudo é uma ferramenta valorosa para balizar o desenvolvimento do estado.
O aquecimento global é mais difícil de se enfrentar do que a pandemia da covid-19, alertou recentemente o embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez.
No Fórum Mundial Amazônia +21, Ybáñez pontuou:
“As escolhas que fazemos hoje definirão o futuro de amanhã. Nos próximos dois anos, governos, estados e cidades em todo o mundo irão gastar cerca de 10 trilhões de euros (quase R$ 60 trilhões) emprestados às gerações futuras para renovar as suas economias. A recuperação proporciona oportunidade única para reconstruir as economias de forma melhor e mais voltada para as exigências do futuro”.
É a realidade que, ora nos assombra, ou não mais surpreende, considerando-se que na Amazônia, a bioeconomia tem demonstrado que pode coexistir ao desenvolvimento econômico de comunidades locais e a preservação da natureza.
Assim, há chance, por exemplo, de Rondônia ficar na vanguarda do desenvolvimento de energias renováveis e de eficiência energética.
Temos indústrias locais que já investem na produção de energia fotovoltaica em diferentes lugares. Esse componente ambiental pós-encerramento das usinas térmicas se une a outros projetos que começam a sair da gaveta e são estimulantes para nossa região.
Com isso, a FIERO continua trabalhando para que essas iniciativas frutifiquem e garantam produtos que possam ser competitivos em Rondônia, no País e no mercado internacional.
Salve o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Marcelo Thomé
Presidente da Federação das Indústrias de Rondônia
Fonte: fiero