Altos salários no Sul e Sudeste do país atraem médicos de Rondônia
Prefeitos estão preocupados com possibilidade de demissões em massa
A crise causada por prefeituras e Estados do Sul do país, que aumentaram os salários dos médicos a fim de captar profissionais de outras regiões brasileiras para suprir o déficit de médicos em seus quadros, gerou uma insegurança administrativa generalizada em todo o Estado de Rondônia.
Isso porque o Poder Executivo Estadual perdeu 45 médicos em apenas três dias (entre os dias 19 e 21 de março). Os profissionais se demitiram em busca de salários mais altos. Ao serem informados do que estava acontecendo, em reunião realizada nesta segunda-feira (22), por videoconferência, os prefeitos manifestaram insegurança. Os prefeitos estão receosos com a possibilidade dos médicos das redes municipais de saúde também pedirem demissão em busca de salários mais altos fora de Rondônia, ou então deixarem suas atividades nos municípios por um cargo no Governo do Estado, que se vê forçado a criar uma nova gratificação para os médicos da rede estadual a fim de convencê-los a permanecer no Estado.
A situação é crítica de tal forma que a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) não tem como fechar escalas de plantão a partir do dia 31 de março, tendo em vista o déficit causado pela demissão em massa. A prefeita de Cerejeiras, Lisete Marth, mostrou-se bastante preocupada com a possibilidade de perder esses profissionais, causando o engessamento do combate à pandemia causada pelo coronavírus nos municípios. No caso dela, especificamente, a situação fica ainda pior, tendo em vista o fato de que o município pólo de referência para a saúde é Vilhena, que fica a quase 90 quilômetros de distância e já opera com capacidade máxima em sua rotina de atendimento.
O prefeito de Ji-Paraná, Isaú Fonseca, fez um discurso emocionante durante a participação na reunião. “Todos os dias estou perdendo um amigo e a situação aqui em Ji-Paraná se agrava de forma muito rápida e agora essa situação. Os municípios não podem pagar mais aos médicos e eles vão deixar a gente na mão? É desesperador isso”, desabafou.
A maioria dos prefeitos presentes na reunião consolidou uma aliança com o Governo de Rondônia, representado pelo secretário-chefe da Casa Civil, Junior Gonçalves, titular da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Fernando Máximo e o titular da Secretaria de Estado das Finanças (Sefin), Luiz Fernando Pereira. O grupo de prefeitos e secretários de Estado se comprometeu em atuar irmanados no combate coletivo à Covid-19, de forma consonante em prol da população. “Vamos deixar as vaidades de lado, acabar com qualquer tipo de politicagem e vamos intensificar o combate a esse vírus”, arrematou o prefeito Isaú.
O secretário da Casa Civil, Junior Gonçalves, relatou a necessidade de o Estado e os municípios atuarem conjuntamente para que o combate à pandemia em Rondônia seja eficiente. “Precisamos estar juntos, manter a calma e a conscientização acerca da importância das ações sanitárias de prevenção. Juntos vamos conseguir vencer essa doença”, comentou.
Fonte: Tribuna Popular