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Rondônia celebra Setembro Azul com Linguagem Brasileira de Sinais, que dá visibilidade à comunidade surda
Funcionários públicos estaduais participaram do curso de Libras em 2019

Publicado 23/09/2020
Atualizado 23/09/2020

Foto: Arquivo Secom, Edcarlos Ferreira e Chapinha Paes

Esta quinta-feira (23) é o Dia Internacional das Línguas de Sinais. Tradutores-intérpretes de Libras (TILS) do Estado de Rondônia comemoram também o Setembro Azul, mês da visibilidade da Comunidade Surda Brasileira. É uma ação que traz conscientização e homenagens a essa população.

Antes de 2010, a ação do intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) era vista como assistencialismo, missão religiosa. Por isso, ainda hoje as pessoas confundem a profissão do intérprete com caridade ou ajuda.

Intérprete de Libras (TILS) é um profissional regulamentado pela Lei nº 12.319. A língua de sinais é usada por surdos dos centros urbanos brasileiros e legalmente reconhecida como meio de comunicação e expressão. A primeira celebração ocorreu em 2018, como parte da Semana Internacional dos Surdos.

O mês de setembro é significativo para as comunidades surdas de todo Brasil. No sábado próximo (26) é comemorado o Dia Nacional do Surdo, e na quarta-feira (30), o Dia Internacional do Tradutor Intérprete de Libras.

É o período em que são relembradas as dificuldades, preconceitos e discriminação sofridas pelos surdos para se avaliar e valorizar conquistas garantidas com lutas e movimentos.

Para a intérprete de Libras do Governo de Rondônia, Núbia Lopes, este ano o mês de setembro será atípico para todos, devido à pandemia do novo coronavírus.  “A cor azul foi escolhida pelos surdos como símbolo da militância surda, por isso, dizemos, setembro azul”, ela explica.

Há quase dez anos trabalhando como intérprete e professora bilíngüe, a servidora é professora de Libras, dedicando-se ao trabalho voluntário em igrejas e repartições públicas diversas.

Já interpretou até um parto de emergência que lhe exigiu muito equilíbrio emocional e profissionalismo. “Quando recebi a foto com agradecimento, da criança que ajudei vir ao mundo, chorei e sorri, foi inevitável; temos muito que melhorar, sei, mas faço isso por acreditar no potencial das pessoas surdas”.

Para Núbia, o intérprete de Libras é um ser multifacetado que se reinventa a cada trabalho: estudar, treinar e se atualizar sempre para uma performance cada vez melhor.

“Tudo isso, com a finalidade de ser ponte entre dois mundos, o dos sinais e o dos sons”, explica Núbia.

“E não é só no âmbito da remuneração, é no receber o profissional. Algumas pessoas ao se comunicar com um surdo acham que tem que falar olhando para o intérprete como quem quer validar o diálogo. Ou que o intérprete deve auxiliar o surdo em suas atividades escolares e sociais”, ela assinala.

Segundo Núbia, os acontecimentos da atual conjuntura “bombardeiam” com notícias atualizadas a toda hora e diariamente. “Nós,ouvintes, ficamos perdidos com tanta informação, imagine os surdos? Mesmo com os desafios que se impuseram, o governador Marcos Rocha foi o que mais se preocupou e promoveu a acessibilidade para esse grupo minoritário e às vezes vulnerável, pois não mediu esforços pra disponibilizar uma intérprete exclusiva para a Superintendência Estadual de Comunicação (Secom) e a Governadoria”, destaca.

Ela elogia a primeira-dama do País, Michelle Bolsonaro por ter impulsionado essa área tão especial, ao discursar diretamente em Libras e garantir com isso a acessibilidade linguística no atual Governo. “Da cerimônia de posse até os pronunciamentos da presidência, ela dá visibilidade aos surdos e profissionais da Libras”, assinala.

ESCOLA BILÍNGUE

Conforme a intérprete e professora, o Governo de Rondônia entendeu a importância de promover a equidade dos brasileiros surdos e segue implementando ações positivas nesse sentido.

“Até porque, nosso governador e a primeira–dama e secretária do Desenvolvimento e Assistência Social (Seas), Luana Rocha, já tinham incursões na comunidade surda rondoniense mesmo antes de serem eleitos. O olhar sensível à causa da surdez/Libras começou quando ele era gestor público em outras pastas, e nesse sentido, já lutava em prol dessa categoria”, diz.

Ela menciona como um dos vários feitos, a fundação da Escola Bilíngue para surdos em Porto Velho.

Dizendo-se “orgulhosa e honrada” em fazerparte da equipe onde é ouvida e respeitada como técnica na área, Núbia se lembra “dos sorrisos de boas-vindas”: “Fui muito bem recebida, e assim trabalho da melhor forma que posso, fazendo jus à responsabilidade que o Governo me confiou”.

Quando entrava no estúdio para gravar, o governador e a primeira-dama pediam para ficar mais um pouco, porque queriam ver como seria a interpretação. “Eles apreciam muito ver a interpretação das músicas”, conta.

Segundo Núbia, caso queiram, tradutores e intérpretes de Libras podem realizar trabalhos voluntários. Ela faz isso, desenvolvendo atividades de caráter apenas solidário. “Por ser grata a tudo o que Deus me proporcionou”, diz.

Em São Paulo, o Conselho Regional de Psicologia reconhece a importância da data e dos serviços das línguas de sinais, propondo, não somente no mês de setembro, a reflexão e o debate sobre os direitos e a luta pela inclusão das pessoas surdas na sociedade.

“Assim, proporcionando ambientes mais inclusivos, uma vez que as pessoas com deficiência têm a oportunidade de se comunicar melhor com psicólogas, os surdos, os que usam Libras”.

Mesmo com a mobilização mundial, Libras sofre ameaça de extinção. É o caso de Nova Zelândia, onde a New Zealand Sign Language (NZSL) é usada por aproximadamente 20 mil pessoas, incluindo quatro mil pessoas surdas, segundo o Censo de 2013.

A pesquisa sugere que, embora o reconhecimento da NZSL esteja melhorando, a aquisição está em declínio.

► Em junho de 2009 o parecer nº 13/2009 do Conselho Nacional de Educação trouxe em seu texto a obrigatoriedade da matrícula de alunos com necessidades especiais em escolas comuns do ensino regular, com a oferta de atendimento educacional especializado para essas crianças.

► Em maio de 2011 foi organizada em Brasília uma manifestação nacional em defesa das escolas bilíngues para surdos, em uma luta por um ensino gratuito e de qualidade que utilize a Libras como primeira língua e língua de instrução. A partir da notoriedade ganha nessa manifestação, a Comunidade Surda de outros Estados passou a se organizar.

► Colin Allen, presidente da World Federation of Deaf (sigla em inglês da WFD, Federação Mundial dos Surdos), assinala que as linguagens de sinais devem estar sempre disponíveis para os surdos. Ele enfatiza o princípio de “nada sobre nós sem nós” em termos de trabalhar com comunidades de surdos.

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