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'Não existe ala militar no governo', diz ministro da Defesa
As declarações do ministro ocorrem na esteira de notícias de que os militares estariam interessados em interferir na política.

Publicado 10/07/2020

Foto: © Marcos Corrêa/PR

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ressaltou que as Forças Armadas estão dissociadas dos generais da reserva que ocupam cargos no Palácio do Planalto. Numa transmissão ao vivo na noite desta quinta-feira, 9, ele afirmou que não existe uma ala militar no governo. "É difícil, mas vou dizer o conceito. Uma parte da imprensa coloca o rótulo de ala militar. A ala que conheço é ala de escola de samba", ironizou. "Esse rótulo não é que incomode, é que não é, na prática, verdadeiro."

Ao ser questionado sobre desgastes ou contaminação na caserna pela presença de militares no governo de Jair Bolsonaro, o ministro da Defesa elogiou os generais da reserva que comandam pastas civis, mas deixou claro que eles não representam o Exército, a Marinha e a Aeronáutica.

As declarações do ministro, num encontro virtual promovido pelo grupo Personalidades em Foco, ocorrem na esteira de notícias de que os militares estariam interessados em interferir na política e de declarações dúbias do presidente e aliados sobre possíveis rupturas constitucionais. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, chegou a dizer sobre o tema que "não é mais uma opinião de 'se', mas de 'quando' isso (um golpe) vai ocorrer".

Fernando Azevedo e Silva destacou que as Forças Armadas "são instituições de Estado" e que ele é seu único "representante político". "Não tem outro representante", disse. Em seguida, ele afirmou que está alinhado com os comandantes militares, "responsáveis" pelos quartéis e pelas atividades militares. "Do muro dos quartéis para fora, eu tomo conta da parte política. Do muro dos quartéis para dentro, eu tenho os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Nós combinamos isso, e está indo muito bem."

O ministro disse que não há registros de posições políticas dentro das unidades militares. "A gente não vê declaração política de quem está nos quartéis, na ativa. Não tem", afirmou. "Esse é o segmento real militar, que está no dia a dia", completou. "As forças são instituições de Estado, que trabalham para o Estado."

Ainda na "live", o ministro propôs um aumento de gastos com Forças Armadas de 1,3% do PIB, índice atual, para 2%. Na defesa da proposta, ele disse que o patamar é adotado no âmbito dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Também ressaltou que a pandemia de covid-19 deixou imprevisível a situação orçamentária para 2021 e 2022, mesmo reconhecendo que 2019 foi um ano "muito bom". Ele ainda lamentou uma defasagem operacional das Forças. "Estamos defasados tanto em relação à Marinha, ao Exército e à Força Aérea", afirmou.

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