Zarif não recorre de pena por doping e fala em piores dias da vida
Velejador teve a punição estendida de seis para 12 meses
Foto: © Pedro Martinez/Sailing Energy
Suspenso até 14 de agosto por testar positivo para a susbstaância tamoxifeno, proibida pelo Código Mundial Antidoping, o velejador paulista Jorge Zarif decidiu não recorrer à Corte Arbitral do Esporte (CAS, sigla em inglês) e se pronunciou pela primeira vez desde que a punição por doping foi estendida de seis para 12 meses. Ele se manifestou na noite de ontem (17) ao publicar uma mensagem em sua conta no Instagram, em tom de desabafo.
"Sem dúvida nenhuma, foram e estão sendo os 12 piores meses que passei na vida. Período de muita incerteza e angústia, esperando respostas que não vinham", declarou. "Tive noites mal dormidas e os cabelos brancos começaram a aparecer antes de 30 anos. A possibilidade de perder os Jogos e manchar uma carreira até então ilibada martelaram muito minha cabeça desde setembro do ano passado, data da primeira notificação", revelou.
De fato, se a Olimpíada de Tóquio (Japão) não tivesse sido adiada para 2021, por conta da pandemia do novo coronavírus (covid-19), o velejador estaria fora do evento. Apesar de avaliar a pena como "muito dura", Zarif entende que o prejuízo maior não foi esportivo. "Foi muito mais psicológico e financeiro", resumiu. "Estou tendo tempo para cuidar de lesões e várias outras áreas que estariam descobertas com o compromisso olímpico de 2020", completou.
Zarif foi flagrado em exame realizado em 15 de agosto do ano passado, durante evento-teste na baía de Enoshima (Japão), onde serão as disputas olímpicas da vela nos Jogos de Tóquio. Em janeiro deste ano, o atleta reconheceu o uso da substância, colocou-se em suspensão preventiva pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e apresentou laudos médicos e documentos. Na ocasião, o velejador explicou que utilizou o tamoxifeno durante 20 dias, sob orientação médica, devido à uma ginecomastia bilateral (aumento do tecido mamário em homens) que lhe causava dores e limitava seus movimentos.
Em março passado, após julgamento em primeira instância, o Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD) deu ao velejador uma punição retroativa de seis meses, ou seja, ele já estaria liberado para competir. Mas, a disseminação da covid-19 na Europa forçou o adiamento ou cancelamento de eventos e manteve o velejador longe das disputas.
Campeão mundial da classe Finn em 2013, Zarif garantiu a vaga olímpica do Brasil na categoria ao chegar à medal race (corrida da medalha) do último Campeonato Europeu, disputado em Atenas (Grécia), em maio do ano passado. Ele representou o país nos Jogos de Londres (Reino Unido) em 2012, ficando em 20º lugar, e na Rio 2016 terminou na quarta posição.
Fonte: Agência Brasil