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URGENTE: Laticínio obtém liminar para proibir que produtores em greve fechem rodovias e barrem caminhões leiteiros, em Rondônia
Vários bloqueios foram feitos em rodovias ao longo da semana. Juíza autorizou uso policial para liberar passagem de caminhões leiteiros.

Por REDAÇÃO
Publicado 31/05/2020
Atualizado 31/05/2020

Foto: WhatsApp/Reprodução

A Justiça de Rondônia determinou que produtores de leite não impeçam a circulação de caminhões leiteiros em rodovias de Rondônia. Devido a um movimento grevista de parte da categoria, muitas estradas estão sendo fechadas e os veículos são impedidos de coletarem leite in natura (vendido por quem não entrou em greve).

A decisão liminar é da juíza Simone de Melo, da Comarca de Alvorada do Oeste (RO), que ainda autoriza o uso policial para dar fim a qualquer bloqueio em rodovia.

" As pessoas envolvidas nas manifestações não representam toda a categoria, mas tratam-se de alguns produtores de leite que decidiram não permitir a passagem dos caminhões leiteiros, como forma de pressionar a empresa autora a aumentar o preço do leite por ela adquirido", diz a decisão da juíza.

O pedido para liberar a passagem dos caminhões leiteiros nas rodovias foi feito pelo laticínio Frutal Indústria e Comércio, conhecido como Toya, localizado em Urupá.

De acordo com o gerente Ygor Ravazzi explicou porque o laticínio pediu a liminar na justiça. "A paralisação dos produtores começou no dia 15 de maio com a insatisfação do preço do leite, fomentada por alguns produtores que se autointitularam representantes da categoria, como o Sr. Rui que diz nos documentos ser Presidente do Comitê dos produtores de leite do estado de Rondônia. Nós reconhecemos a Faperon, Fetagro, associações e sindicatos do estado como representantes dos produtores".

Ainda segundo Ravazzi, a paralisação é legal, um direito do produtor. "Porém, como a paralisação não teve a adesão que esse grupo esperava eles partiram para ações mais agressivas. Ameaça de ataques a caminhões transportadores. Em virtude do agravamento da situação, decidimos entrar com um pedido de liminar para garantir o direito de todos. Garantir que o produtor que aderiu à greve possa continuar não entregando seu leite, mas de forma pacífica reivindicando seus direitos. Garantir que os produtores que não aderiram à greve possam ter seu produto escoado normalmente. Garantir o direito de as indústrias continuarem a trabalhar", afirma.

O gerente do laticínio Toya diz que espera um diálogo e repudia qualquer ato violento. "O que nós não vamos tolerar é que seja utilizada qualquer via não democrática para reivindicações. Acreditamos que o diálogo é a melhor saída para essa crise e sempre mantemos o canal aberto com o produtor", aponta.

De acordo com informações, durante a semana alguns produtores de leite fecharam rodovias perto do laticínio na RO-473, em Urupá (RO). Neste sábado (30) houve manifesto em Seringueiras (RO), no Vale do Guaporé.

O  laticínio Toya ainda afirma ter recebido um documento assinado em nome de Rui Baborsa, presidente da Comissão dos Produtores de Leite no estado, onde este afirmou na sexta-feira (29) que não será permitido a entrada e saída de caminhões leiteiros no município de Seringueiras (RO) a partir deste sábado.

Em contato com a Comissão dos Produtores de Leite de Rondônia, o presidente Rui Baborsa afirmou à reportagem que os bloqueios não são organizados pela Comissão, mas sim por grupos grevistas independentes.

"Os produtores já cansaram de receber 60 ou 70 centavos por litro de leite e a situação já saiu do meu controle. A falta de conversa do laticínio tá fazendo com que, daqui a pouco, haja alguma tragédia ou uma confusão mais séria, e depois ainda vão querer colocar a culpa no produtor. Eu não consigo mais controlar, são mais de 50 grupos. Criaram grupos por fora, que eu descubro só quando fecha a rodovia. Cujubim está fechado desde o dia 22 de maio. Urupá fechou e a polícia teve que ir abrir. Neste sábado fecharam em Seringueiras (RO) e a polícia teve que ir lá liberar. Depois vão querer colocar a culpa no Rui, que tá incentivando isso. Pelo contrário, sempre preguei para quem quiser tirar leite, que tire. É uma paralisação tranquila, só que os laticínios estão abusando e o estado tá sendo omisso", afirma Rui.

Caso os bloqueios de estradas continuem, a justiça determinou que será aplicada multa de R$ 998 a quem descumprir a decisão liminar.

O que diz o estado sobre a paralisação?

Neste sábado (30), a Secretaria de Agricultura do estado informou que, juntamente com o Comité de Crise do Leite, tem mantido diálogo com os produtores de leite que estão paralisados. O objetivo desse diálogo, segundo o estado, é evitar uma crise no setor.

Rui Barbosa, da Comissão dos Produtores de Leite, confirma estar informando o secretário de Agricultura sobre a situação da paralisação. O receio de Rui é que haja algum conflito nos próximos dias.

Greve já dura 15 dias

O movimento grevista, aderido por uma parte do setor leiteiro, iniciou por volta do dia 14 de maio. Entre as reivindicações, o setor pede reajuste no preço do litro para R$ 1,45, sem que esse valor sofra uma alteração de acordo com a região do estado.

Segundo o presidente da Comissão dos Produtores de Leite, o valor médio pago pelas indústrias de laticínios no litro do leite durante o mês de abril foi de R$ 0,86.

Para o mês de maio, o litro custaria ainda menos, chegando a R$ 0,65, o que representa uma desvalorização de mais de 40% no preço médio do litro do leite, segundo a Comissão.

Até o momento nossa equipe de reportabem não teve nenhuma resposta do  Sindicato das Indústrias de Laticínios no Estado de Rondônia (Sindileite), sobre as possiveis negociações com laticínios e com os produtores, além de quais ações estão sendo desenvolvidas.

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Foto: WhatsApp/Reprodução

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