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Leite: Concorrência por matéria-prima mantém preço ao produtor em alta
O preço do leite pago ao produtor em março (referente ao volume captado em fevereiro) registrou alta de 1,4% em relação ao mês anterior, chegando a R$ 1,4376/litro na “Média Brasil” líquida, segundo pesquisas do Cepea

Por Cepea
Publicado 31/03/2020

Foto: Famasul

Cepea, 30/03/2020 – O preço do leite pago ao produtor em março (referente ao volume captado em fevereiro) registrou alta de 1,4% em relação ao mês anterior, chegando a R$ 1,4376/litro na “Média Brasil” líquida, segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. O movimento de alta nos valores do leite no campo ocorre desde dezembro/19 e está atrelado à concorrência entre laticínios para garantir a compra de matéria-prima num contexto de oferta limitada. 

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea recuou 4,35% na “Média Brasil” de janeiro para fevereiro e acumula queda de 7,9% neste ano. A menor disponibilidade de leite – no que seria o período sazonal de safra – se deve, principalmente, à instabilidade climática. Além disso, outros fatores também têm desestimulado o aumento da produção no campo, como a alta nos valores do concentrado (puxada pela constante valorização dos grãos) e o maior abate de vacas leiteiras, devido à elevação dos preços no mercado de pecuária de corte. Destaca-se, ainda, as dificuldades em anos anteriores, que comprometeram os investimentos de longo prazo na produção leiteira, limitando o atual potencial de crescimento da atividade.

CORONAVÍRUS – As recomendações de isolamento e a necessidade de menor circulação geraram incertezas nos consumidores acerca da manutenção do abastecimento. Diante disso, redes atacadistas e varejistas intensificaram a procura por derivados em março, em especial do leite UHT. De 2 a 27 de março, o preço nominal do leite UHT recebido pelas indústrias em negociações no estado de São Paulo saltou 24,7%. 

Por outro lado, o fechamento de redes de serviço de alimentação impactou severa e negativamente o consumo de lácteos refrigerados, como queijos – que respondem por mais de 30% da alocação do leite nas indústrias. Assim, as indústrias lácteas poderão se deparar, em poucas semanas, com um cenário de baixo faturamento, o que será transmitido aos produtores. Em algumas regiões, especialmente as que direcionam maior parte do volume para queijos, a coleta de leite no campo foi interrompida. Vale lembrar que, no episódio da greve dos caminhoneiros, a interrupção da coleta de leite durante uma semana levou ao descarte de mais de 300 milhões de litros nas fazendas, o que somou prejuízo de R$ 1 bilhão ao setor.

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Foto: Cepea-Esalq/USP

Fonte: Cepea