Leite: preço sobe 1,4% em março com concorrência por matéria-prima
Segundo o Cepea, a menor disponibilidade deve-se, principalmente, à instabilidade climática, mas outros fatores também colaboram para o cenário
Foto: Famasul
O preço do leite pago ao produtor em março, referente ao volume captado em fevereiro, registrou alta de 1,4% em relação ao mês anterior, chegando a R$ 1,4376 por litro na “Média Brasil” líquida, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
“O movimento de alta nos valores do leite no campo ocorre desde dezembro de 2019 e está atrelado à concorrência entre laticínios para garantir a compra de matéria-prima num contexto de oferta limitada”, informa a entidade.
O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea recuou 4,35% de janeiro para fevereiro e acumula queda de 7,9% neste ano. A menor disponibilidade de leite – no que seria o período sazonal de safra – deve-se, principalmente, à instabilidade climática. “Além disso, outros fatores também têm desestimulado o aumento da produção no campo, como a alta nos valores do concentrado (puxada pela constante valorização dos grãos) e o maior abate de vacas leiteiras, devido à elevação dos preços no mercado de pecuária de corte”, diz.
O Cepea destaca, ainda, que as dificuldades em anos anteriores, que comprometeram os investimentos de longo prazo na produção leiteira, limitando o atual potencial de crescimento da atividade.
Coronavírus
As recomendações de isolamento e a necessidade de menor circulação geraram incertezas nos consumidores acerca da manutenção do abastecimento. Diante disso, redes atacadistas e varejistas intensificaram a procura por derivados em março, em especial do leite UHT. De 2 a 27 de março, o preço nominal do leite UHT recebido pelas indústrias em negociações no estado de São Paulo saltou 24,7%.
Por outro lado, segundo o Cepea, o fechamento de redes de serviço de alimentação impactou severa e negativamente o consumo de lácteos refrigerados, como queijos – que respondem por mais de 30% da alocação do leite nas indústrias. “Assim, as indústrias lácteas poderão se deparar, em poucas semanas, com um cenário de baixo faturamento, o que será transmitido aos produtores”, afirma.
Em algumas regiões, especialmente as que direcionam maior parte do volume para queijos, a coleta de leite no campo foi interrompida. Vale lembrar que, no episódio da greve dos caminhoneiros, a interrupção da coleta de leite durante uma semana levou ao descarte de mais de 300 milhões de litros nas fazendas, o que somou prejuízo de R$ 1 bilhão ao setor.
Fonte: Canal Rural