Fase de enchimento dos grãos de soja exige cuidados especiais
Danos causados pelo percevejo podem diminuir a rentabilidade da safra de soja. Produtores devem ter atenção redobrada, seguir orientações e agir na hora certa
Foto: Reprodução/Canal Rural
A safra de soja passa por um momento decisivo nessa fase. O monitoramento deve ser intensificado. O objetivo é evitar um ataque inesperado de um dos piores inimigos da lavoura: o percevejo, praga silenciosa que, se não controlada, pode causar prejuízos irreversíveis à soja.
“Normalmente, quando os estragos aparecem, não há mais tempo para reduzir os danos que poderiam ter sido evitados, caso as medidas necessárias tivessem sido tomadas”, afirma a engenheira agrônoma Giorla Moraes, gerente de desenvolvimento de inseticidas no Brasil, da Syngenta.
Segundo ela, as primeiras gerações do inseto ficam em plantas daninhas, na mata ou hibernando, e surgem já no início do ciclo reprodutivo da soja, depositando ovos que vão gerar as novas gerações. Os danos são diferentes de acordo com o estágio em que se encontra o grão, ao ser picado pelo inseto.
Enchimento de grãos
Quando as vagens já estão desenvolvidas, os percevejos podem injetar toxinas e inocular fungos que causam manchas e diminuem muito a qualidade do grão. Isso se reflete na hora da classificação e venda do grão, ou seja, o produtor vai receber menos em função da qualidade da soja prejudicada pelo ataque de percevejos.
O ataque provoca uma diminuição significativa da produtividade. O produtor espera colher ‘x’ sacas por hectare e acaba tendo um rendimento muito menor.
Como controlar
Antes de mais nada, o percevejo é uma praga que não pode ser controlada sem o monitoramento correto, desde o início da safra. Para tanto, o produtor rural precisa fazer o uso do MIP, o Manejo Integrado de Pragas. Bater o pano na lavoura é fundamental para detectar a presença do inseto.
O produtor deve ficar atento com as diferentes datas de plantio nas propriedades e na região, pois lavouras mais tardias sofrem maior ataque da praga, pelo aumento populacional proporcionado pelas maiores áreas de cultivo semeadas anteriormente, aumentando o potencial de danos nessas áreas.
Detectada a infestação do percevejo, o produtor deve escolher a melhor ferramenta e inseticidas mais apropriados. Mas isso precisa ser feito com cuidado e na hora certa.
O que não deve ser feito
Por uma questão de economia operacional, muitos produtores, quando entram na lavoura para aplicar o fungicida, aproveitam para aplicar também o inseticida contra o percevejo. Além da possibilidade de não estar ocorrendo percevejos na área nesta fase, o intervalo de reaplicação do fungicida é de normalmente 14 dias, diferentemente do inseticida, que tem a reaplicação indicada normalmente entre sete e 10 dias ou quando ocorrer reinfestações na área.
Quando partem para a segunda pulverização, tomando como base os prazos do fungicida, os produtores aplicam o inseticida com um atraso de uma semana. Isso muitas vezes ocorre quando a pressão do percevejo já está muito alta e os danos são elevados.
“O produtor economiza em combustível e horas trabalhadas porque aplica na mesma operação fungicida e inseticida, mas não está controlando o percevejo como deveria”, alerta a agrônoma, que orienta a aplicar o produto só em caso de necessidade apontada pelo monitoramento e orientação técnica segura. “Tem que aplicar na hora necessária, no timing certo. É mais caro? É. Mas vale a pena porque o retorno será muito maior”, conclui.
Fonte: Canal Rural