Lagarta-militar: ataque sem precedentes destrói pastagens em Vilhena e causa prejuízos a pecuaristas; agrônomos comentam causas
300 alqueires de pasto perdidos em uma única propriedade: infestação preocupa criadores de gado e mobiliza especialistas
Foto: Arquivo pessoal / Reprodução
Um pequeno inseto está gerando prejuízos gigantescos a criadores de gado e sofrimento a animais em Vilhena, bem como em outros municípios do Estado. A destruição de pastos inteiros está sendo levada a cabo por uma lagarta desfolhadora comumente encontrada nas plantações de soja, mas que, excepcionalmente neste ano, se alastrou descontroladamente pelo capim destinado aos bovinos. Agrônomos consultados pela reportagem, revelaram as causas do fenômeno, como combatê-lo e calculam os danos.
A proliferação das lagartas-militares (Spodoptera frugiperda) é preocupante pois sua reprodução é acelerada: cada lagarta cola centenas de ovos na parte de baixo das folhas que, ao eclodirem, liberam lagartas famintas. Elas comem as folhas, minando a capacidade do capim de realizar fotossíntese, e migram para partes inferiores da planta. Também se tornou comum o curuquerê-dos-capinzais (Mocis latipes), que também acabam com as plantas, deixando apenas a nervura central das folhas.
“Dos cerca de 1.200 alqueires de pasto que tenho, perdi completamente 300 para esse ataque das lagartas. Tive que transferir mais de mil cabeças de gado para um arrendamento, gastando com taxas, aluguel de pasto e transporte, além, é claro, do agrotóxico. Provavelmente terei prejuízo com esse lote todo. E o pior: já passei o químico quatro vezes no pasto e elas sempre voltam”, comentou um produtor que preferiu não revelar a identidade, mas enviou os vídeos dos trechos de sua propriedade que foram atacados.
Sem pasto, muitos animais morrem de fome. Produtores pequenos, sem condições de irrigar ou comprar ração, acabam vendo vacas e bois quase formados definhar. Alguns optam por vender a preço reduzido para os que ainda têm pasto bom. O acúmulo de perdas financeiras, inclusive, está induzindo alguns a sair do negócio.
A praga, segundo agrônomos da Idaron (Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia), cresceu em importância principalmente devido à seca prolongada deste ano, que fragilizou as pastagens. Foram afetados de maneira ainda mais intensa aqueles pastos que têm solo com poucos nutrientes, sem cuidados.
Consequência direta da crise, o uso indiscriminado de inseticidas gerou alerta e motivou nota técnica da Idaron, que enfatizou a necessidade de se “primar pela adoção de práticas que promovam um sistema de pastagens sustentável”. Uma das medidas indicadas é a conservação de áreas verdes ao redor das pastagens, o que deve ajudar a fornecer habitat para predadores naturais das lagartas, como aves de rapina, cobras e pequenos mamíferos. Outra técnica é a rotação de pastagens, permitindo que áreas de descanso se regenerem, criando um ambiente mais diversificado que pode atrair predadores naturais.
A adoção de fertilizantes orgânicos também é recomendada, visto que agrotóxicos químicos vitimam também outras espécies de insetos importantes para o ecossistema. Diversas outras formas de controle emergencial e a longo prazo foram elencadas em nota técnica disponível no link abaixo.
Foto: Arquivo pessoal / Reprodução
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Fonte: Assessoria